O futuro da moradia está nas quitinetes

26 de fevereiro 2013

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O Globo

Em Nova York, quando o assunto é moradia, o mínimo é o máximo. Na cidade, há muitos mais adultos solteiros que vivem sós — eles representam mais de 33% da população — do que pequenos apartamentos a preços acessíveis. E não há sinal de que as coisas possam melhorar em breve. Em resposta a essas mudanças demográficas, o Museu da Cidade de Nova York lançou a exposição “Making Room: New Models for Housing New Yorkers” (Abrindo espaços: novos modelos de habitação para nova-iorquinos), que pretende explorar como o design pode remodelar o estoque habitacional do município e a forma como os nova-iorquinos vivem, revela reportagem do Smithsonian.com.

A mostra foi inspirada pelo PlaNYC, do prefeito Bloomberg, um estudo criado para fortalecer a economia da cidade, combater as alterações climáticas e melhorar a qualidade de vida como forma de antecipação ao esperado aumento da população para mais de um milhão de pessoas até 2030. O relatório também revelou que os códigos de construção e leis de habitação, incluindo espaço mínimo e controle de densidade, que foram desenvolvidos no início do século XX, já não refletem a realidade contemporânea de Nova York. Sob as leis atuais, apartamentos que medem menos de 37 metros quadrados são ilegais na maioria das áreas da cidade. É também ilegal que mais de três adultos que não tenham um parentesco ou relacionamento vivam juntos. Como a população luta para adaptar-se ao aumento dos aluguéis e aos salários mais baixos, esta norma é, obviamente, muitas vezes ignorada, mas mesmo assim qualquer pessoa com mais de um companheiro de quarto está tecnicamente burlando a lei.

Assim, como será possível aumentar a densidade em uma cidade já incrivelmente densa? Pode-se construir prédios mais altos ou com medidas menores. Recentemente, as empresas da cidade foram se concentrando mais na segunda opção. A exposição do Museu de Nova York apresenta várias propostas de micro apartamentos (com menos de 37 metros quadrados) em modelos habitacionais com foco em espaços comuns, como salões de jantar e cozinhas. O visual agrada, mas é difícil imaginar compartilhar certos espaços, particularmente uma cozinha, com estranhos. Tudo o que precisamos é que uma pessoa deixe alguns pratos sujos na pia para se instalar o caos entre a vizinhança. Os habitantes teriam que estar dispostos a adotar um estilo de vida totalmente novo. Seria quase como viver em uma pensão. Mas agora essa pensão vem com o pedigree de um designer.

Embora este tipo de espaço seja novo em Nova York, outras cidades tiveram sorte com unidades do tipo quitinete. Em São Francisco, o primeiro empreendimento de micro apartamentos provou ser um sucesso, com um público que misturava jovens compradores do primeiro imóvel e idosos, entre outros. Talvez mais do que em qualquer outro lugar, porém, os moradores de Tóquio, no Japão, estão acostumados a viver em espaços mínimos. Reconhecendo que arquitetos americanos têm muito a aprender com os seus colegas japoneses, a exposição também inclui algumas imagens, como inspiração, de espaços altamente eficientes e minúsculos em Tóquio.

Mas a peça central da exposição é um modelo de 30 metros quadrados, criado pelo Clei s.r.l. and Resource Furniture com projeto arquitetônico do escritório Amie Gross Architects. Para quem gosta de design moderno, a unidade, sem dúvida, agrada. O espaço limitado é utilizado de forma eficiente e criativa. Cada peça de mobiliário nesta unidade modelo parece se abrir, deslizar, se desdobrar ou ainda se transformar de alguma maneira para ter várias funções: uma cadeira desdobra-se em um tamborete, um sofá se torna uma cama, a televisão de tela desliza para revelar um bar de vidro e uma mesa esconde-se numa parede. O imóvel parece um lugar onde se poderia viver confortavelmente. Ele faz com a visão de micro apartamentos pareça um pouco mais palatável.

Esses imóveis não são sempre práticos. E fazer as pessoas se adaptarem a este tipo de moradia será uma tarefa difícil. Mas a administração da cidade de Nova York entende que isso precisa acontecer – tanto que já patrocinou uma competição entre arquitetos para projetarem um edifício de micro unidades eficientes para uma a duas pessoas. O projeto vencedor da equipe do escritório Monadnock Development LLC, Actors Fund Housing Development Corporation em parceria com o nARCHITECTS vai começar a construção ainda este ano.

A “Making Room” está sendo chamada de “visão do futuro da habitação” em Nova York. A exposição espera inspirar novos projetos para melhor atender às necessidades de uma população crescente e às alterações dos fatores ambientais. Mas talvez o mais importante é que ela também tem como objetivo estimular mudanças na política para tornar este tipo de proposta habitacional legal e abordar as grandes questões em torno da crise da habitação, que é iminente nas cidades de toda a América.

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