Chuveiro ‘flex’ chegará a 2,6 milhões de casas

2 de junho 2010

Meio Ambiente | 0 Comentário(s)

Uma iniciativa do governo federal de R$ 4,5 bilhões terá forte impacto econômico, energético e ambiental: o programa de incentivo ao sistema do chuveiro híbrido, uma espécie de “flex” que funciona ao mesmo tempo como aquecimento solar e como chuveiro elétrico tradicional. No total, 2,660 milhões de casas, sobretudo de baixa renda, poderão ter esse sistema a partir do próximo ano até 2014.

A economia, caso as metas sejam cumpridas, significaria retirar todo o consumo de Belo Horizonte do sistema elétrico nacional, evitando emissões de gases poluentes em volume equivalente à frota de veículos de Brasília.

No sistema solar tradicional, há um boiler para aquecer a água nos dias sem sol – ou seja, o sistema complementar é o mais caro e mais poluente, muito usado por hotéis e nos EUA, por aquecer grandes quantidades de água em reservatórios. Já o chuveiro híbrido tem uma diferença fundamental: quando não há sol, funciona como chuveiro elétrico – e a água é aquecida em pequenas quantidades, diretamente na hora do uso.

Assim, polui menos e é muito mais econômico, seja na hora de comprar, seja na conta mensal. O uso do sistema “flex” tende a reduzir muito a conta de luz das famílias com impacto maior para os pobres. Para essa população, a conta de luz pesa mais no orçamento – e o chuveiro é, junto com a geladeira, o maior gastador de energia.

A maior frente de ação do governo será em moradias a serem construídas. Os novos dois milhões de casas da segunda fase do programa Minha Casa, Minha Vida terão o sistema, que custará cerca de R$ 1.700 a unidade, incluída no valor a instalação. Só nessa fase serão investidos R$ 3,4 bilhões.

Além disso, o governo vai determinar a troca do sistema em 260 mil casas de famílias com renda de até três salários mínimos. A conta de R$ 442 milhões será paga com o recurso do percentual da conta de luz que já é investido em eficiência energética.

“A grande vantagem do programa é a eficiência energética para baixa renda, que normalmente fica fora dos programas do Procel, como a política de selos de eficiência. Os produtos mais eficientes são mais caros, e as classes mais baixas têm dificuldade em comprá-los, até porque, muitas vezes, compram geladeiras e eletrodomésticos de segunda mão”, disse o idealizador do programa, Maurício Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).

Pelos estudos da EPE, o novo sistema reduzirá em 40% (45 kWh/mês) o consumo das famílias de baixa renda. A economia na conta será de R$ 16 mensais – 17% do benefício do Bolsa Família, por exemplo. O programa vai gerar 85 mil empregos diretos e indiretos, muitos na construção.

CLASSE MÉDIA DEVE SER BENEFICIADA – O programa prevê uma linha de crédito especial da Caixa Econômica Federal de R$ 680 milhões para financiar a troca do sistema para famílias de maior poder aquisitivo. Essa etapa poderá levar a tecnologia para a classe média. Levando em conta o custo médio de R$ 1.700 por sistema híbrido, esse financiamento pode beneficiar outras 400 mil casas. Ou seja, todo o programa trocaria o sistema de chuveiros de 2,660 milhões de moradias.

Esse sistema de financiamento será semelhante ao Construcard da Caixa e já é chamado informalmente no governo de “Solarcard”.

“O custo estimado por aparelho instalado, de R$ 1.700, pode até baixar com o ganho de escala”, disse Tolmasquim, lembrando que não estão sendo estudados benefícios fiscais para essas trocas. Com o programa, a economia média de energia (levando em contas dias nublados, durante os quais o sistema será elétrico) deverá ser de 1.200 GWh/ano – equivalente a uma cidade com 650 mil residências (ou uma capital como Belo Horizonte). Além de evitar a construção de hidrelétricas, a medida é comemorada pelo setor elétrico por retirar demanda nos horários de pico, quando as térmicas são ligadas, o que aumenta a poluição.

Com base na matriz energética brasileira, o programa evitará que sejam lançadas na atmosfera 220 mil toneladas de CO² por ano. O volume seria igual, por exemplo, à poluição anual de oda a frota de automóveis de Brasília. Segundo Tolmasquim, esse cálculo é conservador, uma vez que a demanda excessiva causada pelos chuveiros no horário de pico faz o governo acionar as termelétricas, mais poluentes.

“Esse programa é importante também porque a eficiência energética é dos principais pontos para o Brasil cumprir a redução de emissão de gases do efeito estufa, como prometeu na COP-15″, disse Tolmasquim.

Hoje, por ano, são comprados no Brasil 12 milhões de chuveiros elétricos, em um mercado de R$ 400 milhões. Já o mercado atual de aquecedores solares é bem mais modesto, não chegando a 300 mil por ano.

“Este sistema de aquecimento de água se paga, mas demora muitos anos para amortizar o investimento, então é necessário um programa de incentivos como este”, disse Tolmasquim, que minimiza riscos de que, sem pagar pelo aquecimento, os banhos fiquem mais longos, aumentando o gasto d’água. “O tempo do banho é cultural, e o banho não poderá ser infinito. O reservatório atende, em média, a cinco banhos.”

Para Marcelo Mesquita, gestor do Departamento Nacional de Aquecimento Solar da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar-Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava), o mercado de aquecedores, hoje restrito, tende a crescer, e cada vez mais governos vão incentivar seu consumo: “Hoje até prédios podem ter sistema de aquecimento solar, usar janelas para obter o calor solar.”

Carlos Alexandre Cella, diretor do Grupo de Chuveiros Elétricos da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), diz que o sistema híbrido é o mais adequado ao país: “Sempre ouvimos que o chuveiro é o vilão da conta de luz, mas estudos indicam que chuveiro a gás ou mesmo o solar tradicional são mais caros. O sistema híbrido é um avanço: combina o melhor de cada tecnologia, tornando o banho mais barato e eficiente.”

Fonte: Zap

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